Sábado, 30 de Agosto de 2008

 

A tradição ajuda desde sempre a moldar o Homem. Não fosse a consistência humana em alguns pontos nunca teríamos atingido uma sociedade ao nível daquela em que vivemos presentemente (apesar de algumas das suas linhas delicadas). Contudo, não devemos por vezes ignorar alguns pontos tradicionais e racionalizar de acordo com a actualidade? Não conheço muita gente que seja a favor das touradas. Mas conheço algumas pessoas que vão a touradas. E a própria definição do que uma tourada resume o quão ignóbil e retardada é esta actividade, que move massas, cria empregos e movimenta dinheiro. Quando uma inteira plateia se enche para ver um animal ser levado ao sofrimento, e por vezes à morte, quando milhares de pessoas rejubilam com a dor de um animal, sente-se no ar um espírito quase medieval. O Homem é levado à ignorância.

As touradas são uma tradição; assim como chegou a ser tradicional queimar alegadas bruxas em praça pública, ou enforcar criminosos perante a população. Ao contrário destas duas últimas, o jogo sangrento das touradas continua a ser legal em três países do continente mais desenvolvido (desculpem-me os americanos) do mundo: Espanha, França e... Portugal. Em algumas vilas portuguesas é inclusive legal matar o animal em palco, para júbilo de homens, mulheres e crianças. Continua a existir uma educação de toureiros, forcados e criadores de gado: um homem que goste de touradas acaba por fazer com que o filho goste de touradas.

Mas fará sentido continuar a matar touros perante multidões? Deverá ser considerada como entretenimento a actividade de enfiar espadas no lombo destes animais? Assim como outras tradições como a matança do porco, as touradas são uma das piores heranças e tradições do Homem, que insiste em ser mantida. Legalmente tem-se feito pouco; entre o povo, apesar de existirem muitas mobilizações contra, ainda não se deu a mobilização contra. Este post, num blogue que até tem pouco de sério, é o meu contributo para que esta sangrenta actividade termine. Cortada pelo pescoço, tal como os touros depois de uma corrida.



publicado por b barbosa às 18:03 | link

De brunomiguel a 31 de Agosto de 2008 às 15:04
Querem manter as tradições? Mantenham o direito da primeira noite, que também já foi tradição. E que tal sacrifícios humanos? Eh pá, mantemos também uma que os povos de Stonehenge tinham e que envolvia escolher um desgraçado qualquer para matar à "flechada", para entretenimento dos restantes.

A tradição dos argumentos mais idiotas para defender esta actividade degradante. Já houve tanta tradição que foi descontinuada. Porque não defendem essas, também?


De AL a 31 de Agosto de 2008 às 16:13
Muitas das vezes, nem são os aficionados que surgem com a 'tradição' como factor a ser falado primeiro.

Tradições degradantes sempre houve. E falando, em temas religiosos, lembrando da Inquisição que foi falada, a própria Bíblia está *repleta* de sacrifícios..nem sempre de aniimais. Muitas vezes humanos.

Todos os factores e opiniões são válidas. Depende é sempre do ponto de vista lol
Mas por exemplo, para mim, não faz sentido igualarem o touro ao Homem..porqu enão há comparação. Tal como disse antes, só o Homem tem noção do sofrimento e prazer/repulsa que pode advir dele. Por isso se separamos em níveis o Homem e restantes animais, não podemos, como ponto máximo, igualar o touro a nós..


De brunomiguel a 31 de Agosto de 2008 às 16:17
És cristão, não és? É a única explicação que encontro para pensares que só o animal homem é que sente dor e tem noção de sofrimento.
Quer dizer, tenho outra explicação, mas ias achá-la insultuosa.


De AL a 31 de Agosto de 2008 às 17:01
Nops. Nada. Pelo contrário! LOL

Nós somos sem dúvida os únicos que temos noção, porque somos os únicos com pensamento racional. É uma questão científica. Tudo menos religiosa, seja de que religião for.

Mas por isso é que eu, logo no 1º post, referi, por exemplo, o sofrimento dos animais domésticos, nomeadamente os cães. Eles sofrem, e sentem o sofrimento, mas só os donos percebem porque os *obrigam* a passar por isso..

Continuando então no foro científico. Os seres vivos são constítuidos por um sistema nervoso. Sentem dor. Sente o sofrimento que daí advém. Mas *não* têm consciência disso, nem do porquê, nem do como..reajem. Não pensam. Não reflectem. Como nós estamos aqui a fazer, que estamos a discutir um assunto e pensamos. O que já entra em campos folosóficos né!?

Acho que para falarmos dum assunto temos que estar bem cientes de vários aspectos, mesmo que não sejam os que nós 'profetizamos' como nossa opinião, mas simplesmente para sabermos, lá está, falar sem sermos condicionados por só conhecer uma via. ;)


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